Álbum "I Forgive You" de Cynthia Erivo: A bruxa do cinema com pop mágico
O incomum é bastante comum para Cynthia Chinasaokwu Onyedinmanasu Amarachukwu Owezuke Echimino Erivo. No primeiro fim de semana de agosto, a londrina, filha de imigrantes nigerianos, interpretou Jesus em uma apresentação do musical "Jesus Cristo Superstar" no Hollywood Bowl, em Los Angeles. Uma mulher preside a Última Ceia, o que causou grande comoção.
O que a mulher católica queer levou com humor na revista "Billboard": "Espero que as pessoas venham e percebam: 'Ah, é um musical, o lugar mais gay do mundo.'"
A música está no coração da carreira de Cynthia Erivo. A cantora de 38 anos, que só precisa de um Oscar para se tornar vencedora de Emmy, Grammy, Oscar e Tony, lançou seu segundo álbum. "I Forgive You" é uma joia na carreira de uma artista que começou com musicais ("Os Guarda-Chuvas do Amor" no West End em 2011), que ganhou um Tony por sua atuação como Celie em "A Cor Púrpura" na Broadway (2016) e que, mais recentemente, recebeu uma indicação ao Oscar por seu papel como a bruxa de pele verde de Oz, Elphaba (a segunda parte do filme musical "Wicked" estreia em 20 de novembro).
Mesmo sendo uma futura estrela pop, Erivo não corresponde às expectativas. Quem presumiu que "I Forgive You" era repleta de R&B, porque é isso que mulheres negras costumam fazer, encontrará influências de R&B em Erivo (que também interpretou a "Rainha do Soul" Aretha Franklin) em algumas músicas como "What You Want". Essas influências se misturam a outros estilos, incluindo folk, britpop e o rap doce de "Push and Pull".
A história (de vida) emocionalmente cheia de nuances, do fim de um relacionamento tóxico, um rompimento, um recomeço como casal e uma perspectiva espiritual, é capturada em pitorescas peças pop, todas melodicamente belas e emocionantes ao ponto da excentricidade. Erivo também canta a cappella, sobrepõe a voz, assobia, canta em iodelê e usa as unhas para sons percussivos.
Quando ela eleva a voz ao mais alto nível, como em "She Said", ela lembra Kate Bush (uma de suas primeiras influências). O álbum é um panóptico pop, e "Play That Woman" conta até com uma guitarra de rock. Até os pequenos interlúdios são encantadores. Como cantora e compositora, Erivo supera em muito sua estreia em 2021. É como se os Beatles tivessem seguido "Please Please Me" com "Rubber Soul".
Feridas se tornam cura, experiências são a base da sabedoria. A etérea e sagrada canção-título fala sobre o perdão como uma necessidade: "Sem ele em nossos corações, não podemos seguir em frente". Uma canção country incrivelmente bela conclui. "Grace" conta a história de uma garota cujo último desejo era assistir a uma prévia de "Wicked". No final, ouvimos a própria garota cantar: "Eu te amo".
Em seu próximo projeto, Erivo interpreta alguém para quem não há perdão. A partir de fevereiro, ela mostrará seus dentes como "Drácula" no West End. Uma atmosfera de terror digna de um filme mudo é prometida. O que é incomum: ela também interpretará os 22 papéis restantes do romance, incluindo o caçador de vampiros Van Helsing. Sem musical desta vez, mas com uma música.
Cynthia Erivo - “I Forgive You” (Verve/Republic Records) já foi lançada
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